Pérez Esquivel fala sobre Mídia, Religião e Paz
11/08/2008 17h01 - última modificação 12/08/2008 11h22
O Prêmio Nobel da Paz, professor Adolfo Pérez Esquivel, concedeu na manhã de hoje, 11 de agosto, uma coletiva aos jornalistas presentes na Fnac Pinheiros. Ele, que fará a abertura da 6ª Conferência Mídia, Religião e Cultura logo mais às 17h, falou sobre diversos assuntos como direitos humanos, globalização e democracia.
Em primeiro momento, o professor manifestou sua alegria ao estar no Brasil, relembrando as duas vezes em que Dom Paulo Evaristo Arns o tirou da prisão. “Ele é um homem que sempre compreendeu a espiritualidade, o compromisso e as lutas por uma vida melhor”, disse.
Globalização
Pérez Esquivel mencionou a importância de reconstruirmos a nossa identidade e as nossas raízes. “A globalização é um pensamento único que proporciona a morte das culturas. Devemos reconstruir pensamentos próprios”, declara.
Afirmou ainda que a globalização concentra informações através de grandes monopólios. “Devemos trabalhar com meios alternativos. Há muita manipulação nos grandes meios de comunicação”, conta.
Direitos humanos
Com relação aos direitos humanos, o professor foi enfático. “O ser humano privilegia o capital financeiro acima dos povos”. Segundo Esquivel, à medida que compreendemos a Deus e a nós mesmos, somos capazes de mudar esse panorama.
“A violação dos direitos humanos não passa somente por torturas, prisão e assassinatos, mas acontece quando há crianças com fome, quando há terras tiradas de camponeses”, complementou.
América Latina
Segundo Esquivel, os problemas dos países Brasil, Argentina e Paraguai são os mesmos: os latifúndios, o uso indiscriminado de agrotóxicos por parte das indústrias que destroem o meio ambiente. “Há necessidade de se regular o uso de produtos que danificam o meio ambiente. Os paises do Mercosul deveriam se unir em uma cooperação não só econômica, mas cultural para uma vivência dos direitos humanos”.
Educação e mídia
Pérez falou ainda sobre como educar as crianças expostas à mídia. “Os meios de comunicação são alienantes, sobretudo a TV. Até os desenhos animados são violentos. Uma vez ouvi José Saramago dizendo o seguinte: ‘escola não educa, instrui. Quem educa é a família’”.
Espiritualidade e paz
O professor ainda ressaltou que a paz não é a ausência de conflitos e guerras, mas são passos a construir e, nesse sentido, a religião é um crescimento também interior. “Devemos recuperar o equilíbrio com a natureza, com Deus e com o próximo”, finalizou.
Adolfo Pérez Esquivel é arquiteto, artista, professor universitário argentino, militante dos Direitos Humanos pelo qual recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1980. Detentor de títulos Doutor Honoris Causa oferecidos por várias universidades no mundo. É Presidente Honorário do Serviço de Paz e Justiça na América Latina e Presidente da Liga Internacional por Direitos Humanos e a Libertação dos Povos, com sede na Itália.