Aprovados no vestibular do vôlei
18/01/2006 07h17 - última modificação 10/03/2006 13h07
A concorrência para fazer parte das categorias menores do Banespa / São Bernardo neste ano foi mais acirrada relação candidato/vaga que a disputa por uma vaga no curso de medicina na Fuvest. A tradicional peneira do clube teve a participação de 533 concorrentes, no início de dezembro, às 14 vagas nas categorias infanto-juvenil e juvenil. Essa etapa já foi vencida por Eduardo, André, Gian e Tarcísio, que agora tentam mais um vestibular, desta vez para entrar na universidade.
O atacante Eduardo Felipe Braido e o levantador André Pizzi Pinheiro, ambos com 17 anos, vieram de Maringá (PR), primeiro para testar a capacidade atlética e agora, a cultural. Junto com eles estão o líbero Gian Felipe de Moraes, 17, de Curitiba (PR), e o atacante de meio Tarcísio Zanata Buiatti, nascido em Uberlândia (MG). No próximo sábado, os quatro terão que suar a camisa para enfrentar o vestibular da Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo. A Universidade tem uma parceria com o Banespa / São Bernardo, que cresce a cada semestre. No ano passado tínhamos três atletas cursando a faculdade, este ano, teremos entre oito e dez atletas, explicou o gerente de vôlei, o medalha de prata na Olimpíada de Los Angeles, José Montanaro Júnior. Ele ressalta a importância de se conciliar o esporte com os estudos. No Brasil há um paradigma de que quem é atleta profissional não precisa estudar. Em outros países como Alemanha, Dinamarca e Itália isso é diferente. Nós elaboramos a programação em função dos estudos. Na minha época a preocupação era menor ainda, disse o ex-jogador, que está terminando a faculdade agora.
Além de oferecer a oportunidade de treinar numa das melhores estruturas do esporte nacional, o Banespa / São Bernardo tem por filosofia formar cidadãos e dar aos jovens a chance de prosseguir os estudos. Para os vestibulandos, o ingresso na equipe facilitou a intenção de estudar. Eu vim para cá sabendo que podia jogar e estudar. É uma oportunidade muito boa, afirma Eduardo. André projeta a formação universitária em sua vida futura. Não dá para parar de estudar. A gente precisa continuar estudando porque lá na frente vai precisar. Para Tarcísio, a estrutura do Banespa / São Bernardo foi fundamental. Além da bolsa de estudo, eles dão todo o apoio. Isso me ajudou a voltar a estudar.
Eduardo vai prestar para Sistemas de Informação, curso da área de informática; Tarcísio concorre a uma vaga em Mídias Digitais, na área de comunicação; e André e Gian optaram por Educação Física. Os dois últimos justificam a escolha pela proximidade com a vida de atleta que sempre tiveram. É a área que eu tenho mais facilidade e me chama a atenção por eu estar praticando vôlei, explica Gian. O fato de eu praticar esporte vai me ajudar a fazer o curso, completa André. Eduardo justifica a escolha: já tinha feito um curso de informática e gosto bastante de mexer com computadores. Mídias Digitais foi a segunda opção de Tarcísio, que preferia Publicidade e Propaganda. Pesquisei na internet, mas não havia mais vagas, explica, sem lamentar.
Todos eles, caso passem, estudarão à noite, já que os treinos serão em dois períodos. A agenda carregada é para eles apenas algo a ser administrado. Vai ser bastante puxado, mas acho que terei condições de fazer tudo, considera Eduardo. Vai ser cansativo, mas eu vou me esforçar ao máximo para manter os dois, concorda Gian. Tarcísio, depois de ficar um ano sem estudar, enquanto jogava pelo Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo, vislumbra uma oportunidade e não um problema. Terminei o segundo grau em 2004 e já perdi um ano. E quero me esforçar para recuperar o tempo perdido, afirma o atleta de 18 anos, que terá a companhia do irmão mais novo, Renan, já há um ano na equipe infanto-juvenil do Banespa / São Bernardo.
Na hora de encarar a prova, com caneta na mão, eles acham que se sairão tão bem quanto num tie-break de um jogo de vôlei. É só manter a calma, recomenda Gian. Tranqüilo, arremata Eduardo, considerando que, para ele, fazer o vestibular e decidir o último ponto de um jogo é quase a mesma coisa.