Redes sociais mudam rotina de profissionais da comunicação
Por Letícia Gomes Vieira
As redes sociais, segundo pesquisa da agência International Telecommunication Union, já reúnem mais de um bilhão de usuários ao redor do mundo. É o equivalente a um/sétimo da população mundial, ou quase a população da China, que tem por volta de 1 milhão e 300 mil habitantes, ou ainda mais de cinco vezes a população do Brasil. Essa nova realidade de acesso ao mundo digital vem influenciando o “modelo clássico” da comunicação, “emissor > receptor”, mudando a rotina de vários profissionais, inclusive os de comunicação, por causa da interatividade e rapidez. Hoje a comunicação pode ser feita de todos para todos.
“Além de trazer a possibilidade de interagir com conteúdos dinâmicos, essas ferramentas expandiram os canais de atendimento ao consumidor, estreitando a relação e segmentando a mensagem certa para cada tipo de público-alvo”, analisa o coordenador de mídia online da agência WE, Caio Pretel.
Para os jornalistas, as mídias sociais também possibilitaram maior proximidade entre o veículo e seu público, além de servirem de fontes para matérias, inspiração para pautas e repercutirem, por meio do “compartilhar”, “retwittar”, etc., o que já foi veiculado em outros meios de comunicação. Para David Lemes, professor do departamento de computação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), uma vez que as mídias sociais transformaram o receptor em produtor e divulgador de informações, o jornalismo pode se beneficiar disso, colocando o leitor ao seu lado: “Os leitores podem tornar-se o ‘ombudsman coletivo’, fiscalizando, analisando e dialogando, o que, se for trabalhado da maneira correta, pode ser muito benéfico para o veículo.” Lemes também é mestre em design digital e tecnologias da inteligência.
Com o “poder” das redes sociais, algumas empresas começaram vê-las como aliadas aos seus negócios, principalmente em ações de propaganda, promoção e relacionamento. O uso adequado das RS possibilita segmentar o público alvo, como já foi dito, melhorar a reputação da marca e inclusive fidelizar consumidores. Para isso, algumas corporações contratam o chamado “Social Media”, um profissional que monitora a presença da empresa nesses sites. Ele avalia o que é dito sobre a marca e seu produto, podendo, assim, traçar estratégias para melhorar a imagem da empresa e o aprimoramento da qualidade dos serviços. Esse profissional também se relaciona com os clientes nas redes sociais, uma comunicação praticamente sem barreiras entre o consumidor e a empresa.
No caso do jornalismo, as redes sociais interferem, inclusive, nos critérios do que é notícia. “Hoje a noticia chega primeiro nas redes sociais, muitas vezes algo que não seria uma notícia acaba se tornando (notícia) pela sua força de propagação”, disse o professor da Ecommerce School e diretor executivo da empresa Trianons, Juliano Kimura.
Apesar dessas mudanças que as mídias sociais estão provocando, há quem ache que esse “fenômeno” é passageiro, mas as pesquisas mostram o contrário. “O que mudará serão as ferramentas, as plataformas, as formas de interação, mas é algo que uma vez enraizado no comportamento e na cultura, dificilmente será mudado. Pode ser que mude o compartilhar, o curtir, o retwittar, mas as mídias sociais vieram para ficar”, conclui o professor da PUC, David Lemes.
As novas mídias e a relação com a comunicação
- Foto: Mônica Miliatti