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Robert White

Por Pedro Gilberto Gomes

Conheci Robert White em 1979, em Santiago do Chile. Especialista em comunicação comunitária e ética da comunicação, naquele momento trabalhava na América Central. Depois disso, ao longo de meu trabalho em comunicação, em vários momentos estive com Bob White (Como era chamado e conhecido), participando de seminários e encontros internacionais. Aprendi a admirá-lo e respeitá-lo.

O trabalho de Robert White é importante tanto para a Companhia de Jesus, da qual faz parte, como para a Igreja Católica e os grupos sociais da América Latina preocupados com acomunicação popular e libertadora. Seus escritos, conferências e encontros são referência para todos aqueles que se dedicam à prática e à pesquisa em comunicação.

Biografia breve

Robert White é sacerdote jesuíta, especialista e professor na área de meios de comunicação, religião e cultura e ética da comunicação. Possui doutorado em filosofia e mestrado em antropologia, filosofia e teologia pela Universityof Saint Louis, dos Estados Unidos. Foi diretor do Centrode Estudos Interdisciplinares em Comunicação, entre 1990 e 2001, da Universidade Gregoriana, de Roma. Exerceu também o cargo de Presidente do Comitê da Associação Internacional para Pesquisa de Comunicação de Massa, com sede nos Estados Unidos. Foi fundador e diretor do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, em Londres (Center for theStudyof Communication andCulture). Este Centro foi uma fundação da Companhia de Jesus, sob o Generalato do Pe. Pedro Arrupe, sj. Foi fundador e editor da coleção Comunicação e valores humanos (Communication andtheHumanValues), da Editora Sage. Além disso, participou como membro de Comitês Editoriais de diversos periódicos internacionais: Media,CultureandSociety; Dia Logos (Revista da FELAFACS); Media Development. Coordenou a sérieAfrican Communication Studies do African Council for Communication. Foi editor da Série Commnication, CultureandTheology, publicado por Sheed na War. Em 2002 o Papa João Paulo II o nomeou consultor para o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

Atingindo o limite de idade, aposentou-se da Universidade Gregoriana e foi trabalhar na Tanzânia, na St. Augustine University, onde está até hoje.

Suas ideias

Em visita ao Brasil, em 2001, Robert White concedeu uma entrevista onde falou sobre o caminho da pesquisa na América Latina[1]. Sublinha a importância de maior rigor científico para o trabalho. Constata que, na época, os estudos estavam ainda muito ligados à pesquisa descritiva, muito embora houvesse o início de formação de quadros fundamentais. Nesse particular, destaca a publicação de Jesús Martin Barbero sobre meios e mediações[2], no qual estabelece áreas de uma teoria, que responde à cultura latino-americana. Cita igualmente a Nestor Canclini que, juntamente com Barbero, possui uma mentalidade epistemologicamente filosófica. Para ele, o livro de Barbero foi o primeiro caso de busca de uma teoria para responder ao que acontece nos estudos dos fenômenos de comunicação na América Latina. Robert White considera muito positivo a busca pela identidade, do ponto de vista filosófico na Améria Latina. Nesse sentido, louva o conceito de hibridização de Néstor García Canclini.

Dando seguimento, sublinha a ação de Guillermo Orozco-Gómez que, em suas pesquisas, deu continuidade ao conceito de mediação, iniciado por Barbero. Outro pensador, mais prático, destacado por White é o chileno ValerioFuenzalida, também se situando na corrente filosófica.

Por último, Robert White tem na sua história a luta pela nova ordem mundial da informação e da comunicação (NOMIC), na década de 1980. Essa problemática teve grande repercussão no Brasil, principalmente nos grupos ligados às Igrejas Cristãs e à academia. Esse trabalho foi estendido, também, para os países da África. Robert White, depois de sua aposentadoria na Universidade Gregoriana, foi dar a sua contribuição para o trabalho de comunicação na África. Hoje está vinculado à St. AugustineUniversity, na Tanzania.

Suas obras

White é especialista e pesquisador da ética e da democratização da comunicação. Alguns textos:

  1. “Democratization of Communication: The Need for New Research Strategies”. Centre for the Study of Communication and Culture, May, 1984. Nãopublicado.
  2. “Audience ‘Interpretation’ of Media: Emerging Perspectives”. Communication Research Trends. Centre for the Study for Communication and Culture: Sant Louis University, Vol. 14 (1994), Nº 3.
  3. Comunicar comunidad. Aportes para una ética de lacomunicación pública. Buenos Aires: La CrujíaEdiciones, 2007. Este livro se propõe reler a dimensão cidadã desde sua vocação originária de ser comunidade, evidenciando a importância da ética da comunicação para a construção das comunidades e das comunidades Ades interculturais. Nesse sentido, propõe um caminho de reflexão inovador: compreender a necessidade da felicidade e da satisfação das pessoas que escolhe a profissão da comunicação, em qualquer especialização. O livro parte de uma dimensão ética que se radica na pessoa e se abre num movimento mais amplo para a vida cidadãpara tornar ressignifica-la desde a comunicação e a democracia.
  4. “The Media, Culture, andReligion Perspective”. Discovering a theoryand metodologia for studyng media andReligion. In Communication ResearchTrends. Centre for The StudyofCommnuicationandCulture: Santa Clara University, Vol. 26 (2007), Nº1.
  5. “Grassroots, participatory Communication In Africa”. In Communication ResearchTrends. Centre for The Studyof Communication andCulture: Santa Clara University, Vol 28 (2009), Nº 1.

 Prof. Dr. Pe. Pedro Gilberto Gomes, sj



[1] Robert White. “O caminho da pesquisa na América Latina exige um maior rigor científico”. In Revista do Pensamento Comunicacional Latino-americano. Vol. 3m nº 1 (outubro/novembro/dezembro), 2001.

[2]Jesús Martin Barbero. De losmedios a lasmediaciones. Barcelona: Gustavo Gil, 1987. O livro foi traduzido no Brasil pela Editora da UFRJ, em 1997.

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