Tomás José Jane
Tomás José Jane e o desenvolvimento local: desafios comunicacionais
Palavras-chave:
Rádio; comunidade; desenvolvimento; rádio comunitária; Moçambique;
I. Biografia do autor
TOMÁS JOSÉ JANE, professor, jornalista e pesquisador moçambicano, nasceu no dia 24 de outubro de 1955, em Guma, Distrito de Massinga, Província de Inhambane, na República de Moçambique. É filho de José Jane Nyatshave e Rocina Thonela. Casou-se e teve cinco filhos, hoje já adultos.
Realizou seus primeiros estudos no Colégio da Missão de Nyamachafu, na Província natal e completou o ensino primário na Escola Primária de Rio das Pedras, em Massinga. Na capital do país, Maputo, cursou o Ensino Técnico na Escola Industrial 1°. de Maio.
Conheceu o Brasil através da leitura de revistas missionárias e jornais. Porém foi nos anos 1980, ainda muito jovem, que veio para cá a fim de prosseguir seus estudos universitários no Instituto Metodista de Ensino Superior - IMS, hoje Universidade Metodista de São Paulo – UMESP. Aqui viveu e seguiu sua formação acadêmica por 12 anos!
Em 1986, concluiu a Licenciatura em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo no IMS.
De 1984 a 1987, fez graduação em Teologia, pela Faculdade de Teologia Metodista Livre e decidiu ingressar na pós-graduação.
Em 1987 iniciou o Mestrado em Comunicação Social – concentração em Teoria e Ensino da Comunicação, pelo Centro de Pós-Graduação do IMS, concluído em 1990 com a Dissertação “História dos meios de comunicação de massa em moçambique: do colonialismo ao governo popular”, sob orientação de Onésimo de Oliveira Cardoso.
De 2002 a 2006, foi aluno do Programa de Doutorado em Comunicação Massiva, pela Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, como bolsista da CAPES, orientado pela Professora Cicilia Maria Krohling Peruzzo, concluído com a tese “Comunicação para o desenvolvimento: o papel das rádios comunitárias na educação para o desenvolvimento local em Moçambique”.
No campo profissional, a carreira docente de Tomás José Jane é coroada de êxitos. Desde setembro de 2009, ocupa do cargo de Diretor Geral e Professor Associado da Escola Superior de Jornalismo, onde ministra as disciplinas de Comunicação para o Desenvolvimento e Comunicação para o Turismo. Criada em 2008, a ESJ é uma instituição pública mantida pelo governo que conta com 500 alunos, sendo 410 em Maputo e 90 em Chimoio, na província de Manica. É dali que busca inspiração para novos projetos de pesquisa e extensão, sempre voltado à realidade dos discentes.
Trabalha igualmente como Professor Titular nos programas de Mestrado e Doutorado do Instituto Superior de Relações Internacionais – ISRI, desde 2005, ministrando as disciplinas de Comunicação para o Desenvolvimento e de Marketing do Desenvolvimento. Sua docência se estende à Escola Superior de Altos Estudos e Negócios- ESAEN, da Universidade Politécnica de Moçambique, na disciplina de Técnicas de Comunicação, Liderança e Negociação; à Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique, onde leciona Mídia e Desenvolvimento. É membro do Corpo Editorial da Revista Científica EHAPARE, da Escola Superior de Jornalismo; Orientador de pesquisas de mestrado e doutorado, compondo bancas de defesa de dissertações e teses.
De 2004 a 2010 atuou como Diretor Nacional da Rádio Trans Mundial / Rádio Capital; Docente da disciplina de Semiótica da Comunicação, na Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane e de Teorias da Comunicação, na Faculdade de Letras da Universidade Eduardo Mondlane, respectivamente. De agosto de 1976 a julho de 1980 foi professor na Escola Secundária do Noroeste 1, ministrando as disciplinas de Educação Musical e Desenho e, de 1977 a 1982, dirigiu o Departamento de Literatura e Comunicação do Conselho Cristão de Moçambique.
É Membro fundador da Associação Moçambicana de Ciências da Comunicação e Informação-ACICOM; da Igreja Metodista Livre em Moçambique e foi editor do Boletim “Elo Ecuménico”, do Conselho Cristão de Moçambique (1987 – 1989).
Dedica-se a outras atividades acadêmicas num elo com a comunidade moçambicana. Entre elas podemos citar: - a instalação e revisão curricular dos cursos de Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, Biblioteconomia e documentação; - a produção do material de educação cívica em áudio e vídeo para processos eleitorais e educação à cidadania; - a organização e orientação de seminários e cursos de capacitação profissional em Jornalismo e em Comunicação para o Desenvolvimento Comunitário; - a assessoria em Comunicação Social, Comunicação Institucional e Comunicação Política e a Consultoria em Comunicação para o Desenvolvimento das comunidades locais; - a direção de projetos de desenvolvimento das comunidades rurais e coordenação de projetos de recuperação e apoio às crianças militarizadas.
Recentemente, assinou um acordo entre a Escola Superior de Jornalismo (ESJ) e o Fórum Nacional de Rádios Comunitárias (FORCOM) a fim de consolidar a formação contínua dos comunicadores das rádios comunitárias moçambicanas em Jornalismo, bem como da realização de pesquisas científicas, regulares nas áreas do Meio Ambiente e Saúde Pública, Desenvolvimento Rural e HIV-SIDA nessas rádios.
Tem participado de diversos congressos, conferências e simpósios científicos em Moçambique, sempre próximos aos assuntos de interesse para o desenvolvimento de Ciências de Comunicação e Informação.
Nos últimos anos, a convite da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação - INTERCOM, veio ao Brasil para Congressos Nacionais e Internacionais e para o Mídia Cidadã, nos quais tem apresentado seus trabalhos de pesquisa. Compôs as mesas do 1º. ao 3º. Ciclo África, realizado por esta organização. É colaborador e pesquisador do COMUNI - Núcleo de Estudos de Comunicação Comunitária e Local, cujos participantes, todos egressos do pós-graduação da UMESP, são estudiosos dos processos de comunicação popular, alternativa e comunitária local que ocorrem junto a movimentos sociais e entidades em prol da cidadania.
Tem atuação como parecerista da Revista da FAE – Núcleo de Pesquisa Acadêmica do Centro Universitário, Curitiba, Paraná e da Revista de Iniciação Científica UNICESUMAR, do Centro Universitários Unicesumar, em Maringá, publicada desde 1999 e que possui caráter multidisciplinar priorizando artigos originais produzidos por discentes e docentes vinculados aos programas de iniciação científica do Unicesumar e de outras Instituições de Ensino Superior. Atua igualmente como palestrante em universidades brasileiras que mantêm relações de parceria acadêmico-científica com a Escola Superior de Jornalismo.
No âmbito das relações de cooperação internacional, merece destaque como mediador. Em 2014 esteve reunido com professores do Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais para acertar detalhes da criação de um programa de doutorado interinstitucional para titulação do quadro docente da Escola Superior de Jornalismo de Moçambique que dirige. A parceria prevê a vinda de estudantes moçambicanos para a UFMG e, a partir de 2016, a ida de brasileiros para o país africano. Tomás Jane espera, com esse programa, responder os desafios de qualificação do quadro docente da instituição africana.
No ano passado, recebeu convite da Cátedra de Comunicación da UAB - Universidad Autonoma de Barcelona para compartilhar experiências como um dos principais estudiosos e articuladores das rádios comunitárias de Moçambique.
II. Um roteiro bibliográfico
Do ponto de vista bibliográfico, o Brasil se impõe na vida de Tomás José Jane, como ele mesmo explica:
País de grande importância na minha vida tanto intelectual como socio-cultural, pois foi nele que pude adquirir conhecimentos científicos e me preparar para a prática de ensino e pesquisa em Ciências da Comunicação e Informação. É em alguns docentes e pesquisadores brasileiros que me inspiro para prossecução da minha vida académica.
Quase toda a sua produção foi publicada por editoras brasileiras, como um de seus últimos escritos, fruto da pesquisa apresentada no 1º Ciclo África, em 2012: A contribuição das rádios comunitárias na educação para a cidadania em Moçambique.
Neste trabalho, apresenta um relato histórico sobre os primórdios da comunicação comunitária em Moçambique, após a descolonização, calcado nas experiências trazidas de outros países, sobretudo do Brasil. Lembra que o apoio do Estado, diante do atraso do desenvolvimento local após a guerra da independência, atendeu ao chamado dos movimentos populares sobre a necessidade de se divulgar os direitos cidadãos em várias comunidades, desbravando espaços de intervenção popular.
Como em certas regiões brasileiras, os alto-falantes também fizeram parte da organização histórica das primeiras rádios moçambicanas, cujo trabalho reuniu especialistas e conhecedores de saberes tradicionais, entre eles educadores, técnicos, agentes comunitários e mulheres. A radiodifusão comunitária teve início em 1977 com o apoio do UNICEF . Nos Centros de Comunicação Social se partia do conhecimento de experiências de sucesso em países como a China e o Brasil com o sistema de auto-falantes, que foi considerado o que melhor se adaptava à realidade moçambicana. Na época, a população possuía um número muito reduzido de transístores, o que reforçava a adequação dos centros de comunicação comunitária.
Atualmente, o trabalho radiofônico prossegue por meio de equipamentos de alta tecnologia, o que permite uma maior interação entre as comunidades que se fazem representar em mais de 80 emissoras. Em algumas delas as mulheres empregam homens em cargos como diretores e chefes de redação. Além dessas rádios, experiências com unidades móveis também são implantadas, como o foram em cidades brasileiras que não tinham condições para montar estúdios em diversos bairros. Ao lado da rádio, as televisões comunitárias chegam ao país. Acordos de cooperação e muita criatividade ajudam a superar a ausência de investimentos do Estado no suporte das despesas de funcionamento dessas rádios, como ocorre em muitos países do sul. Apesar das dificuldades, elas penetram no tecido social numa escuta coletiva que envolve o debate de ideias e soluções para os problemas locais, expressando-se em mais de 25 línguas nativas, faladas, geralmente, pela população da zona rural. Jane acrescenta ainda que 52,3% da população de Moçambique desconhece totalmente o português, idioma oficial, sem saber ler nem escrever.
Algumas rádios, por exemplo, retransmitem seus programas em até 22 línguas locais. O autor mostra também que os marcos legais, o direito de emissão e a tecnologia não são os únicos elementos que contribuem para a divulgação do conhecimentos e troca de experiências. O trabalho de educação para a cidadania, que leva em conta a diversidade linguística do país, tem sido essencial para a afirmação da identidade e dos ideais de uma nova sociedade, uma vez que línguas e culturas são realidades dinâmicas que interagem e vivem sua própria história na história global. E uma língua deve responder à toda a necessidade de comunicação da comunidade que se exprime através dela. Se este elemento não for considerado, as campanhas educativas locais organizadas nos meios de comunicação comunitários raramente atingem seus objetivos.
Convidado para o 2º Encontro do Ciclo África, realizado pelo INTERCOM em 2013, no 36º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, no campus da UFAM – Universidade Federal da Amazônia, em Manaus, com a mediação de Antônio Hohlfeldt, Tomás Jane expressou sua satisfação em estar reunido naquela selva-cidade – “que junta a floresta com a zona urbana, num sinal de que se pode construir sem destruir”. Na companhia de outros participantes de seu país natal, ele trouxe algumas considerações sobre o encontro:
Um momento privilegiado de aprendizagem e partilha de experiências entre pesquisadores brasileiros e africanos [e enfatizou que] é uma oportunidade de aproximação entre pesquisadores africanos de ciências da comunicação para uma reflexão conjunta sobre o desenvolvimento deste campo do saber nos países de Língua Oficial Portuguesa.
Para esta segunda edição do Ciclo África, o autor trouxe uma pesquisa centrada na Comunicação para o Desenvolvimento, ainda inédita, sobre o trabalho desenvolvido pelas mulheres moçambicanas que participam das rádios comunitárias da zona rural e sua contribuição na preservação da saúde da família e do combate ao HIV-AIDS.
Um estudo desenvolvido pela UNESCO em rádios comunitárias locais mostra os impactos positivos das emissoras do interior do país sobre as mudanças ocorridas nas comunidades não apenas em relação à atitude e comportamento diante do perigo das doenças de transmissão sexual, mas também sobre o planejamento familiar, a vacinação infantil, as técnicas de plantio e o papel da mulher na sociedade.
Já no 3º. Ciclo África, realizado durante o 37º INTERCOM em 2014, em Foz do Iguaçu, que teve a coordenação da Profa. Cicília Peruzzo, o pesquisador apresentou seu estudo mais recente sobre Comunicação Política que abrange a mídia em campanha eleitoral. Esta pesquisa, como explica, está sendo realizada em duas fases com o objetivo de analisar a campanha eleitoral em Moçambique. A fase inicial, a pré-campanha (de abril a agosto) e a campanha propriamente dita (de agosto a outubro). O trabalho verificou a parcialidade e dependências das mídias públicas e privadas e suas aproximações com o governo e bancos, e o espaço que é disponibilizado aos candidatos. Para o autor, seu objetivo é ajudar os meios moçambicanos a planejar o tratamento dado às eleições no país.
Na obra organizada por Valério Cruz Brittos (2009) , o capítulo escrito por Tomás Jane: Comunicação Comunitária: uma alavanca para o desenvolvimento local, discorre sobre uma das experiências acadêmicas compartilhadas por renomados pesquisadores reunidos em Maputo, capital de Moçambique, durante o 1º Congresso Brasil-Moçambique: Digitalização, Democracia e Diversidade (1º DDD), em junho de 2008, e que marca uma maior integração do Brasil com os países que compõem o bloco dos PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
Tomando por base o trabalho de campo que realiza junto às rádios comunitárias e aos comunicadores das regiões do interior do país, o pesquisador mostra suas diversas experiências e traz reflexões sobre o modo como os meios de comunicação comunitários, diante das múltiplas possibilidades oferecidas na era digital, podem contribuir para o desenvolvimento local mantendo sua proximidade com as sociedades tradicionais.
Para ele, falar sobre comunicação comunitária como um dos novos modelos de desenvolvimento local é uma forma de contribuir para um debate profundo sobre como o cidadão comum pode beneficiar-se das novas tecnologias de comunicação e de informação para vencer a pobreza. São inúmeros os estudiosos de comunicação que questionam a ausência da comunicação nos processos de desenvolvimento e, principalmente, no combate à pobreza, situação que aflige os países subdesenvolvidos ou que se encontram em vias de desenvolvimento, como é o caso de Moçambique.
Assim, justifica trazer ao debate este tema, com o intuito de provocar, junto aos pesquisadores reunidos, uma reflexão sobre a necessidade de utilizar os meios comunitários como instrumento para a solução dos problemas locais e, de um modo particular, fazer uso das novas tecnologias de comunicação e informação na redução do que denomina “pobreza absoluta” em seu país, sobretudo no campo e nas zonas suburbanas.
Para Tomás Jane, este é um modo de lançar também um desafio aos pesquisadores das ciências da comunicação, no sentido de dispensarem uma atenção especial à subárea de comunicação comunitária, oferecendo ferramenta que permita ao cidadão apropriar-se das tecnologias de comunicação e informação e, coletivamente com os seus parceiros, construir novos modelos e sistemas de divulgação de seus conhecimentos de produção para fins de auto-sustento, valendo-se dos meios locais de comunicação. Para ele, o pesquisador estará assim contribuindo para que o cidadão comum, aquele que efetivamente produz e alimenta a sociedade e que sempre viveu à margem dos benefícios do poder da mídia, possa, de forma mais presencial e ativa, participar na construção do seu presente e de seu futuro.
A base desse trabalho, que envolve uma cooperação intrínseca com o Brasil, constitui o respeito à diversidade e às particularidades de cada um, na promoção da cidadania de todos aqueles que atuam nos meios locais, levando em conta a necessidade imperiosa de uma maior participação de jovens e mulheres nos processos comunicativos.
Da pesquisa realizada no doutorado, e que resultou na tese Comunicação para o Desenvolvimento: o papel das rádios comunitárias na educação para o desenvolvimento local em Moçambique , defendida em 2006 na Universidade Metodista de São Paulo, o autor traz um estudo sobre as rádios e televisões comunitárias em Moçambique analisando a importância e a contribuição desses meios para a conscientização das populações moçambicanas e para a realização com vistas ao desenvolvimento local. Do resumo que apresenta sobre este trabalho destaca que sua pesquisa abrange as ações implementadas tanto pelo governo como pela sociedade civil, bem como salienta o significado que essas emissoras têm para as populações locais.
De 2004 a 2005, o autor estuda 8 emissoras sediadas nas províncias de Zambézia, Sofala, Inhambane, Maputo e Maputo Cidade, além de realizar um breve resgate do percurso histórico da comunicação em Moçambique nos últimos 15 anos, desde a promulgação da primeira Lei de Imprensa aprovada pela Assembléia da República.
Guiado por uma metodologia específica para seu trabalho, como a pesquisa bibliográfica e documental, além de entrevistas semi-estruturadas realizadas em campo junto a coordenadores das emissoras estudadas, entre outras fontes, o autor conclui que as rádios e a televisões comunitárias são instrumentos de educação e conscientização das pessoas das comunidades investigadas.
Elas desempenham um papel importante na vida dos cidadãos, mobilizando-os a se envolverem nas ações de combate à pobreza, são bens comunitários e contribuem para o desenvolvimento sustentável das próprias comunidades.
A respeito dos resultados obtidos através desta pesquisa, Peruzzo (2007, p. 5) , lembra também que Tomas Jane evidencia que as rádios comunitárias “são fundamentais para o desenvolvimento das comunidades locais, por criarem mecanismos de interatividade entre ouvintes, a rádio, os promotores do desenvolvimento (associações, ONGs, Instituições públicas e privadas etc.) e os líderes comunitários”.
Em 2004, a editora da Intercom publica o Anuário Internacional de Comunicação Lusófona , com mais um trabalho do autor: O papel das rádios comunitárias na educação e mobilização das populações para os programas de desenvolvimento local em Moçambique. Por meio dele, Tomás Jane lembra o fato de que, em Moçambique, existem vários estudos realizados na área da comunicação para o desenvolvimento que despertam ideais e suscitam reflexões sobre o papel que as rádios comunitárias desempenham na educação das populações visando o desenvolvimento sustentável local. Ele reafirma que a comunicação comunitária constitui uma das subáreas importantí¬ssimas da comunicação social que pode contribuir significativamente para a dinamização do processo educativo das comunidades locais com o uso das tecnologias de produção agrícola modernas, promovendo assim a superação das necessidades reais de auto-suficiência alimentar que atinge a maioria da população.
No artigo intitulado A experiência de Moçambique no uso dos Meios para a educação das comunidades rurais, publicado pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA , em 1998, o autor trata em detalhe da comunicação e da educação na área rural. Ele lembra que, desde as últimas décadas do século XX, as rádios comunitárias ganharam importância no processo de educação para a cidadania com o propósito de reduzir o índice de ignorância dos cidadãos sobre seus direitos, deveres e obrigações, assim como sua participação nos processos de desenvolvimento das comunidades. Este estudo traz uma reflexão sobre como estes meios incidem nos processos de educação para a cidadania, com enfoque para a dinamização dos esforços para impulsionar o desenvolvimento de comunidades locais, particularmente em Moçambique. Este estudo foi baseado em pesquisa bibliográfica e nas reflexões a partir dos contatos diretos com comunicadores das rádios comunitárias e da sociedade civil. O autor conclui que, em Moçambique, as rádios comunitárias constituem meios através dos quais se compartilham saberes, opiniões e experiências, o que pode servir de modelo a ser desenvolvido em outros países da África lusófona que vivem realidades semelhantes.
Em 1996, Tomás Jane atua como Editor na publicação Autoridade Tradicional em Moçambique, em 5 Volumes, publicados e produzidos pelo Ministério de Administração Estatal – MAE, Press-Saúde, em Moçambique e, no ano seguinte, a mesma experiência se repete no Instituto de Comunicação Social. ICS, com o Conheça o ICS, publicado pela mesma editora, em Maputo.
III. Referências
ALVES, Anabela Maria Vara, em sua Dissertação de Mestrado: As rádios comunitárias em Moçambique. Estudos de caso - da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2005
AMARANTE, Maria Inês. Rádio Comunitária na Escola. Adolescentes, dramaturgia e participação Cidadã. São Paulo: Intermeios, 2012.
BRITTOS, Valério Cruz (org.). Digitalização, Diversidade e Cidadania: Convergências Brasil e Moçambique. São Paulo, CNPq & Annablume, 2009:121-137.
AMARANTE, Maria Inês; HOHLFELDT, Antônio (Orgs). África: Múltiplos olhares sobre a Comunicação. INTERCOM 2013.
JANE, Tomás José. “Comunicação para o Desenvolvimento: o papel das rádios comunitárias na educação para o desenvolvimento local em Moçambique” (Tese de Doutorado). São Bernardo do Campo, São Paulo. UMESP, 2006.
PERUZZO, Cicilia M. Krohling. Rádio Comunitária, educomunicação e desenvolvimento local, In: PAIVA, Raquel (org.), O retorno da comunidade: os novos caminhos do social, Rio de Janeiro, Editora Mauad, 2007, p.69-94.
PINHO, José Benedito [Editor] - Anuário Internacional de Comunicação Lusófona. São Paulo: INTERCOM, 2004.
Contato: toira2001@yahoo.com.br / tomajane55@gmail.com.