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Glossário

Editor: José Marques de Melo

Abecedário da comunicação

A vitalidade um campo do conhecimento geralmente se demonstra quando sua linguagem é codificada, através de universo vocabular que assume feição canônica. Ou seja, institui-se um abecedário próprio, remetendo a significados consensuais, cujos verbetes facilitam a convivência dos seus agentes, organizados em comunidade profissional, empresarial ou acadêmica.

A área de comunicação foi se consolidando através dos glossários de termos técnicos usados nas empresas, sindicatos ou associações ocupacionais e só recentemente foi ordenada através de dicionários temáticos ou generalistas.

A iniciativa pioneira coube ao gráfico baiano Arthur Arezio que publicou em 1936 o seu Diccionario de Termos Graphicos (Salvador, Imprensa Oficial). Iniciando sua pesquisa em 1910, o autor publicou inicialmente um conjunto de verbetes sem guiar-se pela ordem alfabética, chamando-os de elucidários ou vocabulários, até que adotou o critério do abecedário na edição acima referida. Esta permaneceu fora de circulação durante muito tempo até que o professor Luis Guilherme Pontes Tavares obteve o apoio da Empresa Gráfica da Bahia para fazer uma edição fac-similada em 2010, homenageando o pioneiro baiano, autor do primeiro dicionário da “especialidade em língua portuguesa”..

Seu sucessor foi o gráfico gaúcho Frederico Porta, cujo Dicionário de Artes Gráficas (Porto Alegre, Globo, 1958) já embute uma perspectiva comunicacional porque o autor, considerando a “extrema pobreza da nossa literatura técnica”, planejou uma obra de interesse dos usuários das artes gráficas, entre eles, jornalistas, bibliotecários, escritores, editores.

Os demais segmentos da indústria da comunicação só gerariam seus abecedários na passagem do século. Licínio Rios Neto publica em 1990 seu Dizer Eletrônico (Rio de Janeiro, Rabaço Editora), um “guia de gírias, expressões e termos técnicos de TV”, recomendado por Jô Soares porque “ultrapassa os limites da atualidade e da utilidade”. No mesmo ano, Joaquim Fonseca lança um criativo Glossário de Comunicação Visual (Porto Alegre, Editora da UFRGS), abrindo o caminho para as obras congêneres de Ana Maria Roiter e Euzébio da Silva Tresse – Dicionário Tecnológico de TV (Rio de Janeiro, Editora Globo, 1995) e Moacir Barbosa de Sousa – Tecnologia da Radiodifusão de A a Z (Natal, Editora da UFRN, 2010).

Antes deles, apareceram os dicionários profissionais, de grande impacto no fortalecimento das profissões midiáticas – jornalismo, propaganda e relações públicas. O mais valorizado pela categoria foi justamente Jornalismo – Dicionário Enciclopédico (São Paulo, Ibrasa, 1970), escrito por intelectual que fez doutorado em direito (USP), assimilando experiência empresarial, pois foi sócio da empresa editora da Folha de S. Paulo. Construindo obra desafiadora, ele explica: “Certos verbetes são meramente informativos. Outros encerram debate e opinião. Outros, ainda, aparecem sob forma regimental ou disciplinar, do trabalho jornalístico. Constituem simples modelos de organização, que ofereço à apreciação dos jornalistas, sem esquecer que há outras formas de administração igualmente boas. Preferi a maneira regimental pela simplicidade e síntese que enseja.”

São da mesma safra o Dicionário Profissional de Relações Públicas e Comunicação de Candido Teobaldo de Souza Andrade (São Paulo, Saraiva, 1978) e o Dicionário de Marketing e Propaganda escrito por Zander Campos da Silva (São Paulo, Pallas.1978). São todos eles organizados de forma abrangente, não limitados a uma só profissão. Essa tendência aparece com maior nitidez no Dicionário de Propaganda e Jornalismo (Campinas, Papirus, 1985), fruto de uma feliz parceria entre os professores Mário Erbolato e J. B. Pinho, que confessam a natureza mutante da conjuntura, daí o impulso para compor dicionário abrangente e sempre que possível comparativo.

Nesse momento, já se encontrava em circulação o Dicionário da Comunicação organizado pela dupla Caarlos Rabaça e Gujstavo Barroso, contando com a colaboração de Muniz Sodré, obra editada pela Codecri em 1978, alcançando edições revistas nas décadas posteriores.

Na verdade, essa obra de referência inspirou-se e deu prosseguimento à emblemática contribuição dada pelo Dicionário Crítico da Comunicação (Costa Lima, Doria e Katz), publicada pela Editora Paz e Terra, em 1975. Nessa conjuntura, a comunicação deixava de se apresentar como campo fragmentado para assumir a forma de campo multidisciplnar, integrado.

Tal fisionomia seria galvanizada pelos mais recentes abecedários: Mídia de A a Z, de José Carlos Veronezzi (São Paulo, Edicon, 2002); Divulgação científica de Isaac Epstein (Campinas, Pontes, 2002), Dicionário Multimídia de José Guimarães Mello ( São Paulo, A&C, 2003),Midiologia para iniciantes de José Marques de Melo (Caxias do Sul, EDUCS, 2005, Glossário de Comunicação Pública, organizado por Jorge Duarte e Luciara Veras (Brasília, Casa das Musas, 2006) e Dicionário da Comunicação, de Ciro Marcondes Filho (São Paulo, Paulus, 2009).
Ao lado dessas obras de natureza holística, continuam a surgir e circular abecedários temáticos, históricos, especializados, inclusive bio-bibliográficos: Dicionário de Jornalismo de Juarez Bahia (Rio de Janeiro, Mauad, 2010), Glossário de Relações Públicas de Jorge Duarte (Brasília, Casa das Musas, 2007), Glossário de Relações Públicas de Caroline D. Colpo e Patricia F. Pichler (Santa Maria, FACOS-UFSM, 2007), Dicionário Bibliográfico de Luiz Beltrão , organizado por José Marques de Melo (São Paulo, Intercom, 2012) e Dicionário Histórico Biobibliográfico do Pensamento Comunicacional Alagoano (Maceió, Edufal, 2013), entre outras.

Brasileirismos

Anunciologia
Campo de estudo interdisciplinar, desbravado por Gilberto Freyre, que inovou as ciências sociais, com “a utilização de anúncios para reconstituição e avaliações sociais, no Brasil”, (,,,) “afirnando um novo tipo de documentação social”. Trata-se de um dos “brasileirismos mais valiosos” no âmbito metodológico, inventado pelo “solitário de Apipucos” e testado em “espaço tropical”. Deram continuidade a esse tipo de pesquisa o antropólogo Arthur Ramos o historiador Amaro Quintas e o publicitário Orígenes Lessa. Mas o método só conquistaria legitimidade mundial com o exercício feito por Marshall McLuhan em seu livro de estréia The Mechanical Bride (

Brasileiríssimos
Personalidades emblemáticas do Brasileirismo Comunicacional Perfis de intelectuais representativos dos diferentes níveis comunicacionais – erudito, massivo e popular - que figuram como referentes cognitivos na literatura por eles produzida. Esta categoria subdivide-se em Pioneiros (protagonistas falecidos, ou seja, personagens que fizeram História nos Séculos XVI a XVII –Antecessores-,  Séculos XVIII a XIX – Precursores século XX - Desbravadores–bem como pelos Vanguardistas (personagens em plena atividade, sub-divididos em Arautos – seculo XX – e Timoneiros – Século XXI).

Brasiliana
Coleção de livros sobre o Brasil, adotando perspectiva telúrica.

Brasilianistas
Forâneos estudiosos do Brasil, referenciados por varáveis exógenas, focalizando o Brasil a partir dos fenômenos comunicacionais. 
Residentes nos países de origem ou onde exercem o ofício visitam freqüentemente o Brasil ou acolhem brasileiros em suas instituições para manter-se atualizados sobre os respectivos objetos de pesquisa.
Sub-divisão:
a)Visionários
b) Animadores
c) Entusiastas

Brasileiristas
Estrangeiros que decidem fixar residência no Brasil, realizando estudos sobre os fenômenos comunicacionais da sociedade que os adota, tornando menos traumático o processo de aculturação. Essa categoria está bifurcada em:
a)Acadêmicos e
b)Laicos.

Brasileirantes
Brasileiros que se dedicam ao estudo do Brasil para atender a demandas forâneas, adotando perspectiva telúrica, ou seja, focalizando o povo e a sociedade brasileira a partir do Brasil. São contemporâneos que revivem a Saga dos Bandeirantes, percorrendo o mundo para se fazer Arautos do Brasil em seus campos de atividades.
Sub-divisão:
a)Missionários
b)Pregadores

Brasilianeiros
Brasileiros que migram para outros países e sobrevivem como especialistas em assuntos brasileiros, atuando como livre-atiradores sem compromisso com o prisma de analise, mas geralmente sintonizado com os seus empregadores.
Sub-divisão:
a)Orgânicos
b)Circunstânciais

Brasiliógrafos
Nova geração que se dedica a estudar o fenômeno das migrações na sociedade brasileira, tendo como foco de análise as histórias de vida das comunidades onde atuam, interessados quase sempre na compreensão do Brasileirismo comunicacional. São geralmente documentalistas ou coletores de dados no campo.
Sub-divisão:
a)Arquivistas
b)Entrevistadores

Brasilianautas
Novíssima geração que se inicia no estudo do Brasileirismo Comunicacional, tanto nativos quanto forâneos, coletando dados ou simplesmente explorando o campo para registro acadêmico, jornalístico ou diversional no espírito dos argonautas de 1817. Aqui se agrupa a turma da iniciação cientifica ou estagiários das agencias experimentais.
Sub-divisão:
a)Monitores
b)Estagiários

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