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Sem políticas de inclusão empresas podem comprometer negócios, alerta especialista do Citibank

Gestor de Diversidade do Citi falou no Business Meetings Metodista de setembro

04/10/2016 09h39

Prof. Bonetti e Adriano Bandini

Bia é cadeirante, mora em São Caetano e vai até o trabalho na Avenida Paulista, na Capital, de trem e metrô. Toda vez que necessita ir ao banheiro, é um tremendo desafio. Tem que fazer sondagem – passar uma sonda até a bexiga para esvaziá-la. Por causa da deficiência nas pernas, precisa fazer isso com o corpo reto, ou seja, tem que deitar. Vai até o ambulatório, onde há uma maca comum fixa, com um pequeno degrau para subir.

“Tivemos que ir atrás de uma maca para ajustar às necessidades da Bia com a sonda. A gente pensou nisso antes de contratá-la? Não. Fomos descobrindo com a vivência dela lá. Conceito de acessibilidade é isso: deixar a pessoa fazer sozinha dentro de conceitos de segurança. Isso o Departamento de Gestão de Pessoas tem que enfrentar todos os dias”, relatou Adriano Bandini, gestor de Diversidade no Citibank, onde Bia trabalha.

Apesar de ainda serem assuntos pouco abordados nas empresas brasileiras, ou tratados disfarçadamente, a igualdade de gênero, o combate ao preconceito de raça e cor, a aceitação do homossexualismo e a inclusão de deficientes físicos começam a ser estimulados com debates e em alguns casos com políticas de inclusão. Empresas que não valorizam essas ações correm o risco de ter funcionários temerosos, porque vão omitir a cor da pele ou a deficiência para evitar bullyng, e podem comprometer seus negócios, já que colaboradores insatisfeitos influem em estratégias de desempenho.

“Diversidade traz debates e custos, mas também ganhos e vantagens competitivas a partir do acolhimento e da satisfação de todos no trabalho, fazendo com que aquele custo a mais se pague. Isso vai influenciar a estratégia corporativa. E claro, responsabilidade social e sustentabilidade também são incluídos”, falou o especialista do Citi, que discorreu sobre “Gestão de Pessoas na Diversidade” na noite de 21 de setembro, dentro dos encontros mensais do Metodista Business Meeting.

O Citibank pratica várias ações de diversidade, entre as quais uma parceria com a Universidade Zumbi dos Palmares para aumentar o número de negros no sistema bancário, projeto comum abraçado pela Federação dos Bancos Brasileiros (Febraban). Dispõe também do Citimaster, oportunidade para pessoas acima de 60 anos, e do Women´s Council, para incentivar igualdade de salários e ocupação de cargos de liderança entre homens e mulheres. No caso do público LGBT, há cobertura de benefícios para companheiros de casais gays.

A política de inclusão não se restringe aos colaboradores, estendendo-se a fornecedores e comunidade. É o caso dos ovos de Páscoa, encomendados de uma então cozinha caseira próxima a Campos do Jordão e que, com ajuda do Citi, profissionalizou-se, abriu empregos e estruturou-se há três anos para fornecer 10 mil unidades de chocolate à instituição anualmente.

Cotas para negros

Na área de estágios, há cotas para afrodescendentes: “Pelo menos 40 vagas de estagiário são destinadas só para pretos e pardos e sem obrigatoriedade do inglês como nas demais vagas no banco. Também fornecemos capacitação extra para que esses iniciantes concorram às demais oportunidades do banco quando se encerrar o período de experiência de dois anos”, explica Adriano Bandini.

Estudo da organização Out Now nos Estados Unidos indica que, entre profissionais gays, 70% dos que revelaram a opção sexual aos colegas se consideram produtivos. Esse índice cai para 37% entre os que escondem a vida pessoal.

Exemplo de desafio diante de uma situação inusitada vivenciada pelo Citibank foi a maternidade de um casal de duas mulheres, uma estéril que tirou os óvulos para gerar o filho e a outra desenvolvendo a gestação como barriga solidária. Após inúmeras discussões jurídicas, consultas a médicos e às duas mulheres, o Citi decidiu dar licença maternidade às duas.
“Levei o caso ao diretor de RH, sempre lembrando que somos uma empresa que valoriza a diversidade. E seria uma forma de viver esse valor que está no manual corporativo”, relatou o gestor do Citibank, que faz palestras sobre "Diversidade e Gestão de Ambientes Inclusivos” em todo o Brasil, incluindo nos cursos da ABRH, FIESP, FEBRABAN e congressos nacionais e internacionais. Ele foi recebido pelo coordenador da EMEC, professor Luciano Bonetti.

O Business Meetings é iniciativa da Escola Metodista de Educação Corporativa em parceria com o CIESP São Bernardo e Volkswagen do Brasil. Desde março, quando teve início, trouxe todo mês palestrantes experts nas áreas de atuação. Já participaram Marco Maciel, economista sênior da Bloomberg Intelligence, que falou sobre “Cenário Econômico Brasileiro e Ajuste Fiscal”; Rafael Levy, diretor do Wenovate: Open Innovation Center, que abordou “Parceria com Startups”; e Angela Zechinelli, da Academia Paulista de Contabilidade, cuja palestra versou sobre “A Importância do Compliance nas Organizações”. Em 19 de outubro próximo o palestrante será Fabio Gonçalez Rabelo, responsável pelo CRM e Marketing Digital da Volkswagen do Brasil, que falará sobre “Marketing Digital: a Evolução da Comunicação”.

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Assista aqui a palestra Gestão de Pessoas na Diversidade.

Business Meetings from Metodista on Vimeo.

Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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