Cerimonial moderniza-se, mas não dispensa boa postura e respeito, diz a especialista Gilda Fleury
04/04/2019 15h30 - última modificação 10/04/2019 15h18
Muitos se surpreenderam no casamento real do príncipe Harry e Meghan Markle quando a Capela de São Jorge foi invadida não por trompetes e músicos da corte, mas por cânticos gospel entoados por um típico coral de cantores negros. E a famosa reverência de baixar a cabeça e sequer tocar a rainha da Inglaterra foi simplesmente deixada de lado por amigáveis apertos de mão em Elizabeth 2ª e o marido, o Duque de Edimburgo.
“Como tudo na vida evolui, o cerimonial também modernizou-se. Só permanece a ética, que é um conjunto de valores, igualdade, respeito e direitos”, ensina uma autoridade no tema, Gilda Fleury Meirelles, autora de livros sobre etiqueta, eventos, cerimonial e boas-maneiras, que falou a alunos de Gestão de Eventos, Secretariado e Relações Públicas da Universidade Metodista de São Paulo na noite de 2 de abril passado.
Ao contrário da etiqueta, que engloba boas maneiras universais, o cerimonial autoriza flexibilizações, dependendo do objetivo do evento e dos convidados. “Além de conhecer a forma (quem é quem, onde senta e como deve ser tratado), é importante conhecer o conteúdo. Por exemplo: um evento mercadológico não justifica formar palco e composição de mesa solene. Bastam mesas de reunião”, exemplificou Gilda, também diretora do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Comunicação, Capacitação Profissional e Empresarial (Ibradep), que falou sobre Cerimonial como ferramenta de comunicação.
Segundo expôs, um cerimonial coloca ordem em um evento, seja familiar ou corporativo, pois prevê regras elementares como formas de tratamento dos convidados, composição de mesas e onde cada um deve postar-se, sequência de falas e apresentações, entre outros. “É indispensável para otimizar o resultado de um evento. Uma festa de crianças sem planejamento, coordenação e organização leva todas a abrir os presentes de qualquer jeito, a comer os brigadeiros antes do bolo e sequer cantar o Parabéns! ou dar atenção ao horário do show e das brincadeiras”, citou.
Chinelo não pode
Um cerimonial moderno permite informalidades como a da primeira-dama Michele Bolsonaro discursar em Libras antes do próprio presidente ou a assinatura de atos de posse com Jair Bolsonaro empunhando caneta Bic, mostrando uma estratégia de marketing de atitudes de simplicidade. É preciso, no entanto, ter bom senso. “O presidente não pode posar com ministros de sandália e roupão ou com camiseta verde de time de futebol. Há a majestade do cargo a respeitar”, apontou.
Conhecer regras de precedência foi outra orientação da palestrante. Respeitar hierarquia para definir locais ao palco, receber bem convidados tratando-os pelas nomenclaturas profissionais e ter cuidado com presentes são algumas regras de ouro. “Não vá dar bebiba alcoólica de lembrança para uma autoridade árabe, pois eles não bebem, nem um chaveiro com pé de coelho para um ecologista”, alertou.
O encontro com Gilda Fleury Meirelles foi organizado por alunos de Pós-Graduação em Gestão de Eventos da Metodista. A coordenadora do curso, professora Ana Maria Martins, agradeceu a palestrante por estar na universidade pela segunda vez para orientar os formandos e disse que seus livros são utilizados pelas turmas de Secretariado, Assessoria Executiva e Gestão de Eventos. Também participaram alunos da ETEC Lauro Gomes.
Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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