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Doutoranda demonstra no TEMACOG como chegou à definição de Meios de Comunicação

29/11/2013 15h45 - última modificação 01/12/2013 23h16

Doutoranda Amanda Luiza durante a palestra no II TEMACOG - Foto: Reprodução/TEMACOG (Ustream)

Por Roberto Bueno Mendes

O grupo de pesquisa Tecnologia, Comunicação e Ciência Cognitiva (TECCCOG), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (POSCOM), realizou no dia 12 de novembro o seu II Encontro Temático. A doutoranda Amanda Luiza S. Pereira apresentou a palestra “Meios de Comunicação e Filosofia da Tecnologia” na sala 417, do Ed. Capa, localizado no Campus Rudge Ramos. Ela integra o grupo de pesquisa desde 2010.

A apresentação foi baseada nas pesquisas feitas por Amanda para a sua tese de Doutorado. O foco do seu trabalho é o pensamento científico sobre a comunicação social. Ela expôs as bases da sua pesquisa sobre os conceitos de meios de comunicação, informação e técnica e tecnologia; sobre o que é a tecnologia e como ela se relaciona com os meios de comunicação, autores que tratam sobre aqueles termos e a ajudaram a desenvolver outros conceitos de outros termos e sobre o conceito de Filosofia da Tecnologia.

Amanda citou autores que pensaram a Filosofia da Tecnologia sob vários ângulos e disse quais deles se aproximavam mais do que ela pretende com o seu estudo, expos “a armadilha” que ela encontrou ao procurar por autores e pesquisadores e explicou como ela conseguiu escapar desse problema. Ao final, ela mostrou a concepção de meios de comunicação ao qual ela chegou a suas pesquisas atualmente.

“Evidências empíricas sobre o observável, reflexão teórica sobre o inobservável”

Amanda Luiza iniciou a sua fala explicando que inicialmente o que interessava era o “pensamento científico sobre a comunicação social”. Ela continuou dizendo que a Ciência e a Filosofia estão ligadas de maneira tão forte que, às vezes, fica “difícil localizar uma e outra”. Ela detalhou melhor: “quero permanecer no fazer científico, não quero migrar para a Filosofia. Mas eu entendo que para resolver certos problemas é necessário buscar alguns fundamentos da Filosofia, especialmente, a Filosofia da tecnologia”.

A doutoranda mostrou suas pesquisas sobre o que é Ciência para entender o universo conceitual dela e aplicá-lo na Comunicação Social. “Evidências empíricas sobre o observável, reflexão teórica sobre o inobservável”, ela citou explicando o que seria mais uma diferença entre Ciência e Filosofia para usá-la na pesquisa sobre os meios e suas tecnologias.

Amanda citou que alguns conceitos como os de “meios de comunicação”, “técnica”, “tecnologia” e “informação”, por exemplo, não estão bem consolidadas na área de Comunicação Social. Mas, ela explicou que: “no debate, hoje, aqui, é a Filosofia da Tecnologia com a Comunicação Social, especificamente, por ser esta última ligada aos meios de comunicação”.

Após esta fala inicial, ela começou a citar o que ela chamou de inobservâncias da área de Comunicação Social, como a pouca e rasa definição do conceito de “meios de comunicação”, “mídia”, “mídia digital” e “informação”, este último termo foi a pedido do seu professor-orientador Walter Teixeira Lima que solicitou para ela que levantasse os trabalhos apresentados nos Congressos da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) de 2008 a 2012, onde ela descobriu que “ninguém discute” o conceito.

Ela explicou em seguida que partiu para a Filosofia da Tecnologia por causa dessas “lacunas” nos estudos da área de Comunicação Social. A partir deste momento, ela começou a citar autores que ela achou para fundamentar a definição de Filosofia de Tecnologia. Foram eles: Luiz Claúdio Martino; Milton Vargas; Thomas A. C. Reydon e Carl Mitcham. Ela se identificou mais com a perspectiva antropológica do falecido professor Milton Vargas, por assimilar mais com esta perspectiva.

A doutoranda aprofundou mais a discussão ao definir melhor o que é técnica e o que é tecnologia. “A tecnologia, para mim, não pode ser secundária. Tem que ser a questão central e, às vezes, isso não acontece”, esclareceu ela. Porque, continuando a explicação, um autor trata a técnica como um assunto em função de outro tema que o interessa, como política ou como crítica ao capitalismo. “Cada vez, eu percebo que a distinção entre técnica e tecnologia, para mim, não interessa. Chega uma hora que não preciso nem diferenciar”, complementa.

Neste ponto, ela começou a explicar a origem das distinções entre Ciência e Tecnologia desde a Grécia Antiga, passando pelo Renascimento até chegar aos estudos do filosofo Martin Heidegger. Mas o problema encontrado pela pesquisadora foi que “ele não tem limites por ser filosofo e eu não quero fazer a Filosofia da Filosofia da Tecnologia. Eu quero saber o que é a tecnologia. Ele está no passo anterior”.

Mas Amanda mostrou que achou o primeiro autor que chamou a atenção para a Filosofia da Técnica, mas também usou a expressão Filosofia da Tecnologia: Ernst Kapp, em 1877. Mostrou outros autores que seguem a mesma linha, numa “perspectiva antropológica e sempre com uma abertura para a tecnologia que pode se misturar com linguagem”, que foram Ernst Cassirer, Friedrich Dessauer e José Ortega y Gasset.

A pesquisadora dá uma aprofundada em Mario Bunge, porque a maneira como ele pensa a Ciência é “uma maneira muito coerente com a que a gente observa hoje”. Segundo Luiza, “ele vai dar algumas bases no escopo que é esperado. Ele vai dizer que tecnologia é conhecimento e é conhecimento científico”.
Retomando Reydon, citado anteriormente, ela percebeu que fica “presa na Filosofia da Filosofia da Tecnologia, o que na minha pesquisa, pelo menos, é um problema” explicou. Assim, ela começou a procurar por saídas para o diálogo entre Filosofia da Tecnologia e a Teoria do Meio.

Nessa parte final da sua fala, ela cita dois autores que considera que podem ajudar a sair desse impasse da Filosofia da Filosofia: André Leroi-Gourhan (proposto pelo prof. Martino – também citado anteriormente neste texto – em palestra para o grupo Humanis)  e William Brian Arthur. No livro deste último, “A natureza da tecnologia: o que é e como ela evolui”, de 2009, foi com o qual Amanda conseguiu o conceito de tecnologia, que reescrito com por ela diz: “as tecnologias são essencialmente e se desenvolvem a partir de combinações de aparatos e processos anteriores em um continuum de acumulação que as estruturam, podendo ser concebidas como meio para alcance de propósitos humanos, conjunto de práticas e componentes e, ainda, coleção de dispositivos e práticas advindas da engenharia disponíveis em dada cultura”.

Desde que a pesquisadora o “descobriu”, por indicação do professor Walter Teixeira Lima, ela tenta o desdizer, porém as ideias deste autor tem se mantido uteis para o seu trabalho, não o conseguindo descartá-lo. Ela expos e desenvolveu os conceitos utilizados pelo pesquisador William Brian e a relação desses conceitos com a Teoria do Meio, especialmente em relação aos argumentos de Harold Innis e de Marshall MacLuhan e em termos de implicações ela se utilizou do autor Harry Pross.

Amanda Luiza, então, revela o conceito de meios de comunicação surgido até o momento em sua investigação científica: “Meio de Comunicação é um elemento artificial estruturado por propriedades técnicas/tecnologias e simbólicas que permite o intercâmbio entre tais propriedades, influenciando a composição relacional da qual faz parte.”

Ela finalizou a palestra abrindo a perguntas aos presentes e o evento foi encerrado com a fala do orientador do TECCCOG, professor Walter Teixeira Lima.

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