João do Uia

Num reino bem distante, num tempo em que…, existia uma princesa linda, com uma pele bem lisinha e grandes olhos, mas muito chata, ninguém aguentava conversar com ela, além de reclamar de tudo e de todos.

O rei seu pai, achou que estava mais do que na hora dela se casar, mas se preocupava que por ser tão chata, talvez ela não conseguisse achar um moço que quisesse se casar e que aguentasse todo esse mau humor, e pensando bem, se não fosse um bom moço, poderia estragar todo o que ele tinha realizado no reino, porque com certeza atenderia aos caprichos de sua filha cheia de vontades e manias.

O rei então decidiu fazer um concurso e todos os rapazes que estivessem interessados em se casar com a princesa, teriam que passar por uma prova simples, apenas conversar com a princesa, mas nessa conversa teriam que fazer com que ela se calasse, e ouvisse, porque entre outras manias toda a vez que ela conversava com alguém além de não ouvir, ela sempre tinha que dar a última palavra.

Mas para que todos os pretendentes levassem esse concurso muito a sério e se preparassem muito bem, eles teriam que saber que quem não conseguisse ser ouvido e principalmente calar a princesa, teria as orelhas queimadas com um ferro em brasa. 

A notícia se espalhou por todo o reino, e logo e formou uma fila na frente do castelo, com vários pretendentes.

Vários rapazes de todos os cantos vinham até a cidade, e aos poucos a cidade ia se enchendo de moços com as orelhas queimadas, parece que ninguém conseguia calar a princesa. Devagarzinho a noticia chegou lá longe e encontrou uma casinha onde moravam dois irmãos, trabalhavam no campo e um deles: o João do Uia, era bem atrapalhado, o outro muito esperto e trabalhador, e por isso achava que tinha que entrar neste concurso, afinal a princesa era tão linda!

 Se arrumou o melhor que podia, e na hora de sair, seu irmão: o João do Uia queria ir também, de qualquer jeito, mesmo seu irmão dizendo prá não ir, teimou tanto que acabou indo, logo se arrumou, bastou pegar uma sacolinha de pano para juntar os presentes que iria levar para princesa.

Assim que saiu de casa atrás do seu irmão, João deu um grito: UUUIIIAAA, encontrei um rato morto! Vou levar prá princesa, e continuou o seu caminho, logo em frente: UUUUIIIAAA um cesto furado!! Vou levar prá princesa.

Andando mais um pouquinho achou: UUIIA, um caco de vidro, vou levar pra princesa.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                

Já dava prá avistar a cidade quando: UUUUIIIIA!!!  Um chifre furado vou levar prá princesa. E do lado: UUIIIAAA! Outro cifre furado, vou levar pra princesa.

Chegaram até os portões do palácio, e a fila ainda era longa, foram lá para o final, e começaram a prestar atenção em quantos rapazes de orelhas queimadas que andavam por lá. Quando já estavam quase chegando a entrar no palácio UUUIIIAAA! Uma sola de sapato usada!! Vou levar prá princesa, todo mundo que estava na fila reclamou do chulé, mas ele nem ligou e se arrumou para encontrar com a princesa, afinal já estava chegando a sua vez.

Seu irmão entrou primeiro, fez uma reverencia e foi falando:

- Bom dia linda princesa! O dia está quente hoje...

- Quente você vai ver é o ferro em brasa que vai queimar as suas orelhas.

-..... e ele se calou, não sabia o que dizer.

Chamaram o próximo da fila, era o João do UIA, o rei estava presente, mas bem desanimado.

João foi entrando e nem se preocupou muito em fazer uma reverencia, se atrapalhou um pouco.

- Bom dia linda princesa! O dia está quente hoje...

- Quente você vai ver é o ferro em brasa que vai queimar as suas orelhas. - Tem brasa, que bom posso assar o meu rato morto.

- Credo! Mas como você vai conseguir colocar prá assar?

- Com o meu cesto furado.

- Mas a gordura pode escorrer e apagar o fogo.

- Tenho um caco de vidro pra guardar....

-Que história estranha, disse a princesa.

- Estranho é esse chifre torto ....

- Torta é essa história.

- É nada tenho um chifre mais torto ainda...

- Eu não quis dizer torta quis dizer diferente.

- Agora sim você vai achar diferente, uma sola só de sapato, sozinha sem o outro par...

Dizendo isso foi tirando todo aquele chulé da sacolinha e passando pelo nariz da princesa, que nesta hora colocou a mão na frente da boca, se calando enfim. O rei deu um pulo do trono e anunciou em voz alta que a princesa tinha encontrado um pretendente e já foi anunciando o casório.

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