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Milton Schwantes

Um projeto a serviço da interpretação bíblica

          Milton Schwantes nasceu em Vila Tapera, no Rio Grande do Sul, em 26 de abril de 1946. Homem do povo e da academia. Duas realidades difíceis de equacionar, mas, nas quais, Milton foi mestre. De espírito profundamente ecumênico, Milton costumava dizer: “A Bíblia não é de ninguém, é de todos”. Tinha a teimosia de acreditar nas pessoas e de investir nelas. Este foi o seu maior legado: formar pessoas! Formar pessoas para trabalhar a Bíblia com e como o povo.

           No início dos anos de 1970, Milton Schwantes começou seus estudos de pós-graduação em Heidelberg, Alemanha, com o professor Hans Walter Wolff. Sua tese de doutorado “O direito dos Pobres”, recentemente publicada pelas Editoras Oikos e Editeo, tem o jeito e a cara do Milton. Foi ela que delineou sua hermenêutica bíblica pelo resto da sua vida. E foi a partir desse estudo, tendo a Bíblia e os pobres como chão de sua mística, que Milton Schwantes ajudou a construir a Teologia da Libertação.

           De volta da Alemanha, trazendo debaixo do braço sua tese, Milton, sujeito humilde, foi trabalhar como pastor em Cunha Porã, no interior de Santa Catarina. Foi um dos tempos mais importantes da sua vida. Ali soube traduzir a pesquisa do doutorado em pastoral a serviço do povo. Ali, sua tese “O Direito dos Pobres” encontrou terra fértil, foi plantada e produziu frutos. Um desses frutos foi um folheto bíblico que ele editou, com um nome bem apropriado: “Sementes!”.

           Em 1978 foi chamado para dar aulas de Bíblia na Escola Superior de Teologia de São Leopoldo, RS. Foi então que começou a vida de professor de faculdade. E não parou mais. Seu jeito entusiasta cativou os jovens, que começaram a reproduzir seus textos e suas aulas. E, assim, aos poucos, Milton começava a formar uma geração de biblistas, e mais, a fazer escola.

           Dez anos depois, em 1988, Milton Schwantes se mudou para São Paulo para ser o professor de Antigo Testamento na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). A dimensão do seu trabalho foi aumentando e ultrapassando fronteiras. De toda América Latina vinham alunos e alunas para estudar Bíblia com o Milton Schwantes, para aprender seu jeito de fazer exegese. E, durante as férias, se encontrava o Milton metido nos rincões mais remotos desta Ameríndia assessorando cursos bíblicos e incentivando lideranças a estudar a Bíblia. Aos poucos, junto com outros biblistas e teólogos, como Carlos Mesters, Severino Croatto, Jorge Pixley, Frei Gorgulho, Ana Flora Anderson, José Comblin, Pablo Richard e muitos outros, foi se estruturando um movimento bíblico latino-americano.

 

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 Milton Schwantes (à esquerda) numa banca na UMESP, juntamente com o professor Achibald Woodruff.

 

          Foram tempos muito férteis para o plantio das sementes bíblicas. Assim, ainda no final da década de 1980, este grupo de biblistas, tendo a Milton como coordenador, começou a publicação da RIBLA (Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana). Foi também assim, nesse mesmo tempo e nessa perspectiva de incentivar a produção literária latino-americana, de valorizar o jeito latino-americano de fazer Bíblia, que Milton Schwantes, juntamente com uma equipe de funcionários e estudantes da UMESP, iniciou o projeto da “Bibliografia Bíblica Latino-Americana”. Projeto esse que agora está sendo retomado sob o nome de “Bibliografia Bíblica Latino-Americana Milton Schwantes”.

           O trabalho de Milton, seus livros e cursos, foram além da América Latina e chegaram até a Europa. Em 2002, Milton Schwantes recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Marburgo, na Alemanha. Ao completar 60 anos de idade, seus alunos e amigos, dentro e fora do Brasil, prestaram-lhe uma homenagem. Aliás, três homenagens, pois publicaram três livros. Primeiro se publicou um livro, mas, como tinha muita gente que queria participar desse momento histórico para demonstrar ao Milton a importância que ele teve em suas vidas, publicaram-se mais dois livros.

           É uma história que não termina. Não tem como, porque Milton marcou presença permanente em seus alunos e alunas, que hoje continuam seu trabalho. Milton não nos deixou, sua paixão continua florescendo em cada um e em cada uma de nós.

                                                                                                 

                                                                                                                                                                             José Ademar Kaefer

 

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