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Dá para usar o intercâmbio para sua carreira

07/10/08

07/10/2008 18h35

Cursos específicos, visitas técnicas e estágio são opções para viagem


Um belo dia, o estudante Guilherme Gewehr, 25 anos, decidiu jogar para o alto toda a segurança que tinha. Trancou o curso de engenharia elétrica que fazia na UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) e pediu demissão da empresa em que trabalhava. Largou a vida que tinha para realizar o projeto pessoal de viajar. Não uma viagem de aventura. Ele sabia bem o que queria: unir conhecimentos práticos e estudar outro idioma. A bolsa que conquistou pela Universidade de Landshut foi a alavanca para concretizar o projeto. Depois de toda essa mudança, Gewehr faz um balanço positivo. Ele queria fazer um intercâmbio que agregasse algo a sua vida profissional e não apenas viajar para realizar um sonho.

"Fui bolsista nos laboratórios da universidade e fazia três cursos de alemão vinculados ao programa", conta ele. Na opinião do estudante, a oportunidade proporcionou o privilégio de conhecer procedimentos que no Brasil, talvez não tivesse oportunidade de conhecer. "Operei máquinas que não existem aqui e desenvolvi projetos para indústrias na Alemanha. Coloquei a mão na massa mesmo. Tive acesso a todos os laboratórios da instituição e com isso consegui ver como trabalham por lá, quais processos usam e de certa forma isso foi contribuiu para que aprendesse ainda mais", explica Gewehr.

Como a idéia do rapaz era incrementar a experiência profissional, ele decidiu aproveitar melhor o tempo na Alemanha. Por isso, o estudante de engenharia saiu a campo pelo país para encontrar as melhores oportunidades de aprender. "Conheci o funcionamento de algumas empresas alemãs e instituições de diversos segmentos. Esse contato foi um gabarito a mais para o meu conhecimento profissional quando voltei ao Brasil. Em algumas seleções isso foi ressaltado", garante ele.

Quem já passou por experiência semelhante foi o advogado especializado em Direito da Concorrência, Luciano Inácio de Souza, 32 anos. Ele foi para Londres, na Inglaterra, para fazer um curso de inglês para advogados. "Depois de formado decidi investir numa formação mais especializada. Cursei Técnicas de Contratos por um mês, treinei o inglês e aprendi a analisar documentos com mais precisão", afirma ele. "Decidi viajar e estudar em outro país para ter um conceito a mais no currículo e também como profissional mesmo. Acredito que a pessoa que esteja preocupada em se atualizar tem mais chances de conseguir boa posição profissional", diz Souza.

O advogado declara ainda que não pretende parar por aí, quer fazer das viagens um instrumento de aperfeiçoamento profissional e pessoal. Ele diz que já conheceu outros países além da Inglaterra, como Canadá, Turquia, Peru, Holanda, França e Bélgica. "Pelo menos uma vez por ano quero conhecer lugares diferentes. Pretendo conciliar as férias com viagens que possam acrescentar conhecimentos históricos, culturais e relacionamentos profissionais", revela o advogado, que planeja agora viajar aos Estados Unidos para fazer um curso de Liderança e Ordem Política.

O professor e assessor de apoio a visitantes da Comissão de Cooperação Internacional da USP (Universidade de São Paulo), Kokei Uehara, defende a opinião de que o aluno no exterior tem a possibilidade de aprender assuntos que não tem no Brasil, assim como aconteceu com Gewehr. "Cada país tem seu grau de tecnologia e investimento. Desta forma, é mais fácil acompanhar de perto como a região atua na área em que está estudando", diz Uehara. Na opinião dele, o universitário deve ter iniciativa para otimizar o tempo. "Todos os conhecimentos adquiridos vão depender do intercambista. Buscar alternativas enriquece o currículo. O aluno de arquitetura ou engenharia, por exemplo, pode visitar alguma obra e conversar com profissionais", sugere o assessor.

A assessora de relações internacionais da UCS (Universidade de Caxias do Sul), Luciane Stallivieri, encara com bons olhos esse tipo de intercâmbio que alia a viagem à busca de aprimoramento profissional. Segundo ela, a experiência internacional deve de alguma forma ser vinculada à área de atuação. "O intercambista precisa buscar conhecimentos paralelos àqueles adquiridos em sala de aula. Desta forma, ele pode ter habilidades específicas e ficar mais competitivo no mercado", explica Luciane, que aconselha o universitário conciliar aprendizado junto a sua profissão. "É comum vincular cursos de capacitação com a área de atuação. Há opções de estudos de idiomas para gastronomia, moda, design, saúde, mecatrônica e informática. Outra opção é ter uma carga de práticas profissionais em áreas técnicas", diz. Para ela, o lado pessoal também é influenciado positivamente. "O aluno fica mais sensível para tratar conflitos e obstáculos, torna-se mais tolerante, humano e flexível?, afirma a assessora.

Opinião do mercado

Mas quem se animou com idéia precisa saber que apresentar um currículo com experiência internacional, domínio de idiomas e conhecimentos de novas culturas não basta. De acordo com a consultora de Recursos Humanos da Foco Talentos, Camila Leal Diniz, o candidato deve saber na prática tudo o que está exposto no papel. "O que interessa para muitas empresas é a fluência no idioma e desenvoltura para falar. Não adianta ter experiência se no exterior só houve contato com brasileiros", declara a consultora, que diz analisar o aproveitamento dos entrevistados no país. "A expectativa com este candidato é maior e espera-se que tenha algo a mais para acrescentar. Para isso, pode até haver avaliação individual", explica Camila.

Quando o assunto é reconhecimento profissional na volta ao Brasil, a assessora da UCS divide a mesma opinião com a consultora de RH. Segundo Luciane, o universitário que teve a oportunidade de passar pela experiência internacional terá mais valor para o mercado. "A vivência no exterior faz com que o candidato seja mais disputado pelas empresas, na medida em que ele também saiba vender seu peixe. O importante é dominar idiomas estrangeiros, ter postura frente ao contratante e valorizar as experiências que passou", aconselha ela.

Luciane diz que mesmo as viagens de turismo também podem ser entendidas como diferencial. "Desde que haja interação e se transite internacionalmente, o próprio fato da pessoa estar em determinado lugar já pode ser encarado como uma qualidade a mais. Porém, é necessário trabalhar os cinco sentidos quando se está no exterior?, sugere a assessora, que recomenda observar o povo, a vestimenta, o comportamento, a comunicação, como reagem e convivem.

Embora Gewehr admita que tenha sentido insegurança para estagiar na Alemanha devido às metodologias e culturas serem diferentes, ele seguiu à risca as sugestões de Luciane. "Tinha o básico do alemão e no país decidi estudar em três cursos para aprimorar o idioma. Mas durante o estágio me comuniquei em alemão, inglês e até espanhol, pois havia muitos chineses e alunos de outras nacionalidades. O contato foi um complemento acadêmico e cultural", garante o estudante, que aproveitou a oportunidade e visitou algumas regiões da Europa. "Conheci a República Checa, França e Itália. Queria uma experiência diferente e tive", acrescenta ele.


Fonte: Universia Brasil


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